Portuguese Restored Houses

“Portuguese Houses Restored” é o resultado de um trabalho editorial que pode considerar-se em continuidade com a edição anterior de “Portuguese Contemporary Houses”1. Esta sequência espelha-se na imagem gráfica utilizada e no registo igualmente abrangente de casas, quer do ponto de vista geográfico (de norte a sul do país), quer do ponto de vista dos arquitetos autores aqui apresentados numa ordem cronológica e geracional (de1930 a 1980).

Do mesmo modo, esta abordagem tem por objetivo dar a conhecer uma amostra em tom de retrospetiva, sobre o que de mais representativo se tem feito em Portugal no âmbito da reabilitação e valorização da arquitetura habitacional de caráter unifamiliar. Embora nestes projetos também esteja presente a importância do lugar e da paisagem onde estas casas se inserem, nota-se que em termos projetuais a interpretação e as propostas dos arquitetos transitam de forma explícita para o edificado existente, sendo este determinante e ponto de partida para todas as opções estéticas e construtivas.

Interessa referir que este conjunto de edifícios, que foram alvo de estudo e de intervenção recente (entre 2000 e 2014), são construções que se situam originalmente entre os meados do séc. XIX e os anos 50 do século XX. No conjunto abrangem um espetro bastante variado de exemplos de habitações urbanas e não urbanas, nomeadamente: casa rural, quinta, solar, palacete, casa burguesa, unidade isolada e em banda dentro da cidade.

Da análise destes estilos distintos ressalta o facto de estas casas se encontrarem, à altura da intervenção, em estado avançado de ruína, com marcas visíveis de abandono residencial e com uma estrutura espacial por vezes desadequada da vida contemporânea.

Tendo em conta a vontade de se conseguir harmonizar o novo com o antigo, um género de equilíbrio com a história de cada casa, há nesta seleção uma parte significativa de práticas que passam essencialmente por:

– preservação das fachadas, dos pavimentos em madeira, dos tetos em gesso trabalhado, das portas enfeitadas com vidros coloridos, das cantarias com esquadrias em madeira esmaltada, das salas em torno de uma escada,

– utilização de técnicas de construção em pedra e madeira típicas de cada região,

– reformulação integral do miolo de algumas habitações por não ser possível aproveitar o que foi deixado,

– substituição de interiores muito compartimentados por espaços mais amplos adaptados às necessidades dos novos clientes,

– reconstrução assente na memória referencial de uma ruína,

Conclusão – “os novos usos assimilam os espaços existentes”.

Editor

José Manuel das Neves